1º Domingo do Advento

Como é que sabemos que o Natal está a chegar? Porque ao nosso lado já se começa a sentir a agitação típica deste tempo: as ruas enchem-se de luzes, as montras começam a estar enfeitadas com motivos natalícios, há cada vez mais publicidade a brinquedos, presentes e outras coisas para gastar neste natal.

Mas também há outros sinais, que nem toda a gente percebe. Um desses sinais é o Tempo de Advento que começa neste domingo, também para nos preparar espiritualmente para acolhermos o Salvador. A liturgia deste primeiro Domingo do Advento convida-nos a equacionar a nossa caminhada pela história à luz da certeza de que “o Senhor vem” e apresenta aos crentes indicações concretas acerca da forma devem viver esse tempo de espera.

O profeta Isaías escreve num contexto de reconstrução do país e da cidade de Jerusalém, depois do regresso do exílio: o povo, que regressou sem nada e continua rodeado de inimigos, sente-se desanimado indiferente face a Deus e à Aliança. O Povo dirige-se ao Deus da história, pedindo-lhe que intervenha para salvar; e, uma vez que a desgraça é considerada castigo pelos pecados, o Povo confessa a culpa e pede perdão.

Deus é o “oleiro” e o seu Povo é o barro que o artista modela com amor e cuidado. A imagem serve, certamente, para definir o poder e o senhorio de Deus que pode modelar o seu Povo como bem lhe aprouver; mas, provavelmente, faz também alusão àquilo que o profeta espera de Deus: uma nova criação.

Só Deus é fonte de salvação e de redenção. Nós, por nós próprios, somos incapazes de superar essa rotina de indiferença, de egoísmo, de violência, de mentira, de injustiça que tantas vezes caracteriza a nossa caminhada pela vida. Deus, o nosso “Pai” e o nosso “redentor”, é sempre fiel às suas “obrigações” de amor e de justiça e está sempre disposto a oferecer-nos, gratuita e incondicionalmente, a salvação. A nós, resta-nos acolher o dom de Deus com humildade e com um coração agradecido.

A segunda leitura é o início da carta de S. Paulo ao Coríntios, que nos apresenta uma “acção de graças”, em clima de oração e de louvor, em que ele agradece a Deus pelos dons concedidos à comunidade cristã de Corinto, ao mesmo tempo que antecipa temas que vai depois desenvolver na carta.

Cada comunidade cristã é uma realidade continuamente enriquecida pela vida de Deus. Através dos seus dons, Deus vem continuamente ao encontro dos homens e manifesta-lhes o seu amor. É por isso que cada um de nós deve viver numa permanente atitude de escuta e de acolhimento desses dons para que sejamos cada vez mais fiéis ao Evangelho e ao projecto de Deus para nós.

O Evangelho situa-nos em Jerusalém, pouco antes da Paixão e Morte de Jesus. É o dia dos “ensinamentos” e das polémicas mais radicais com os líderes judaicos. No final desse dia, já no “Jardim das Oliveiras”, Jesus oferece a Pedro, Tiago, João e André um amplo e enigmático ensinamento, que ficou conhecido como o “discurso escatológico”. A missão que Jesus confia à sua comunidade não é uma missão fácil: está consciente de que os seus discípulos terão que enfrentar as dificuldades, as perseguições, as tentações que “o mundo” vai colocar no seu caminho, por isso precisam de estímulo e alento ao longo da história.

Estar “vigilante” significa assim cumprir, com coerência e sem meias tintas, os compromissos assumidos no dia do baptismo e ser um sinal vivo do amor e da bondade de Deus no mundo.

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