2º Domingo Advento

A crise está instalada. Os governantes prometeram a prosperidade e o fim dos problemas a todos e agora percebe-se que tudo era uma ilusão, que sem a responsabilidade individual não conseguimos progredir na vida. Onde encontrar então o alicerce para a nossa vida?

A liturgia do segundo domingo de Advento constitui um veemente apelo ao reencontro do homem com Deus, à conversão. Por sua parte, Deus está sempre disposto a oferecer ao homem um mundo novo de liberdade, de justiça e de paz; mas esse mundo só se tornará uma realidade quando o homem aceitar reformar o seu coração, abrindo-o aos valores de Deus.

O livro de Isaías, que lemos ao longo do Advento, diz: «Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus.» Hoje sentimo-nos esmagados e frustrados porque a violência e o terrorismo marcam com sangue e sofrimento a vida de tantos dos nossos irmãos, ou porque os pobres e os fracos são esquecidos e colocados à margem da história, ou porque parece que a sociedade se constrói com egoísmo, com indiferença e com exclusão. Sabemos que Deus é a nossa salvação, que nos dá razões para viver, para aceitarmos a vida que temos, procurando fazer a diferença.

Lembremo-nos do que João Baptista veio anunciar: a mudança do coração, o aplanar dos caminhos (tornar o coração recto, para distinguir o certo e o errado), um baptismo de penitência. Uma transformação pessoal para descobrir que Deus gosta de nós e que se interessa por nós.

Para os não crentes, a vida encerra-se dentro dos limites estreitos deste mundo e, por isso, só interessam os valores deste mundo; para os crentes, a verdadeira vida, a vida em plenitude, está para além dos horizontes da história e, por isso, é preciso viver de acordo com os valores eternos, os valores de Deus. Assim, na perspectiva dos crentes, não são os valores efémeros, os valores deste mundo (o dinheiro, o poder, os êxitos humanos) que devem constituir a prioridade e que devem dominar a existência, mas sim os valores de Deus.

S. Pedro diz-nos: «Portanto, caríssimos, enquanto esperais tudo isto, empenhai-vos, sem pecado nem motivo algum de censura, para que o Senhor vos encontre na paz.»

Não estamos abandonados, não somos fruto de um mero acidente ou acaso. Somos pessoas, que apenas são verdadeiros se forem capazes de interagir com as outras pessoas. E é nessa colectividade da existência humana que encontramos a verdadeira felicidade e a alegria profunda, que é dada por uma vivência com sentido, com um fim consciente.

Deus quer a nossa felicidade, não quer a nossa condenação. E faz tudo para que nós encontremos esse caminho, mas respeita a nossa autonomia, a nossa situação de adultos. Era mais fácil se fôssemos como as crianças, em que houvesse sempre alguém fazer as coisas por nós. Podia ser mais cómodo, mas assim a vida deixava de ter sentido porque seriamos meros objectos, quase como máquinas, sem responsabilidade, sem a liberdade de poder decidir a nossa vida e sem a alegria da descoberta diária do mundo que nos rodeia.

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