Solenidade da Epifania do Senhor – Ano C

Os Reis Magos

Celebramos neste domingo a Epifania de Jesus, que tradicionalmente é conhecido como o Dia de Reis, o dia em que terminam as festividades natalícias.

Este nome, epifania, significa revelação, e na verdade, o facto de três sábios de fora de Israel terem vindo adorar o Deus Menino é sinal de que o Messias é verdadeiramente universal. Esta noção da universalidade do Messias já tinha sido anunciada por Isaías quando escreve “As nações caminharão em direcção à tua luz” referindo-se a Jerusalém, como a cidade do futuro para a congregação de todos os homens porque nela está o Messias, a verdadeira luz do mundo.

De facto para que haja uma revelação tem de existir luz, que possa mostrar, iluminar o que está velado, escondido. Mais ainda: a revelação de que nos fala a Palavra de Deus não é apenas destinada a alguns eleitos, iluminados, mas é para todos, como diz S. Paulo aos Efésios: “Os gentios são admitidos à mesma herança”. Todos são chamados a conhecer e a receber a salvação. É por isso que nós próprios podemos celebrar o Natal, porque recebemos esta herança de conhecer o mistério de Deus e da Sua encarnação.

No entanto são necessárias algumas condições para tornar real e eficaz essa salvação. Os Reis Magos tiveram de saber ler os sinais do céu para saber que o rei do mundo, o rei universal, tinha nascido; tiveram de percorrer um longo e perigoso caminho para encontrar esse rei. É isso que Deus nos propõe: perceber os sinais dos tempos, sobretudo nesta época cheia de desafios não apenas para os cristãos mas para todos os homens, uma época em que o utilitarismo e o egoísmo, disfarçados de liberalismo (a nova doutrina reguladora da vida das pessoas) destroem os laços da comunidade e da sociedade, e até mesmo da civilização, único e verdadeiro espaço da sobrevivência humana.

Passados dois mil anos de fé cristã qual o caminho que temos de percorrer?

Certamente o nosso caminho é maior do que o dos Reis Magos, certamente tem também as suas armadilhas, mesmo de pessoas aparentemente bem intencionadas, como parecia ser Herodes, mas não podemos perder de vista a estrela, a luz que nos guia: Jesus, humilde e pobre, mas que foi e continua a ser a razão de viver de tantas pessoas, que por ele vão arriscando a vida, para que a luz continue a brilhar no mundo.

Hoje a Epifania de Jesus faz-se por nós próprios, somos nós a revelação do messias, somos nós a fotografia de Jesus, nem sempre uma cópia fiel do que ele é, muitas vezes somos um mero esboço, mas não podemos deixar de apresentar os traços fundamentais do seu retrato. E esses traços podem ser resumidos a dois: um traço vertical (que nos liga a deus) e outro horizontal (que nos liga como membros de uma mesma família), uma cruz, a nossa cruz, que levamos erguida para mostrar o mais, o positivo que é viver com Jesus em nós.

Quando encontraram o menino os magos ofereceram ouro, incenso e mirra, símbolos da realeza, divindade e humanidade de Jesus. E nós, o que oferecemos a Deus? Se tudo vem dele a única coisa que podemos dar-lhe é o nosso coração, um lugar onde ele pode residir, um lugar onde pode brilhar e assim pouco a pouco afastar as trevas que inundam o nosso mundo.

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